Autor do artigo: Cédric DEPOND
Uma nova pesquisa revela um verme capaz de degradar poliestireno, abrindo possibilidades para soluções ecológicas na luta contra a poluição plástica. Descubra como essa descoberta pode impactar a reciclagem sustentável
E se a chave para a nossa luta contra a poluição plástica estivesse no intestino de um inseto?
Uma descoberta científica recente destaca uma espécie de verme capaz de degradar o poliestireno, abrindo caminho para soluções inéditas e ecológicas para gerir o nosso lixo plástico.
O plástico, o material milagroso do século XX, tornou-se uma praga ambiental. A sua produção anual seria de 500 milhões de toneladas, e grande parte termina sua vida em aterros ou nos oceanos. O famoso “7º continente”, uma enorme massa de resíduos flutuantes no Pacífico, ilustra a gravidade da situação com seus 1,6 milhão de quilômetros quadrados de superfície.
Entre os plásticos mais problemáticos está o poliestireno, um material onipresente, mas de difícil reciclagem. As suas aplicações, desde embalagens alimentares a isolamentos, geram cerca de 20 milhões de toneladas de resíduos todos os anos, muitas vezes tratados por métodos poluentes.
Soluções biológicas começam a emergir, e o estudo recente conduzido pelo ICIPE (Centro Internacional de Fisiologia e Ecologia de Insetos) no Quênia revelou a existência de um verme da farinha capaz de decompor o poliestireno graças ao seu microbioma intestinal. Este verme, uma subespécie de Alphitobius, poderia se tornar um ator-chave na reciclagem sustentável.
Os pesquisadores observaram que esses vermes digerem o poliestireno de forma mais eficiente quando recebem uma dieta mista, incluindo nutrientes. Alimentados com uma mistura de farelo e plástico, eles degradaram 11,7% do poliestireno em um mês. Pelo contrário, uma dieta exclusivamente plástica limita a sua eficiência.
O sequenciamento de seu microbioma revelou bactérias específicas, como Klebsiella e Citrobacter, capazes de produzir enzimas que decompõem os polímeros sintéticos. Essas bactérias poderiam ser isoladas para uso em larga escala (obviamente, não se pretende dispersar massivamente insetos para combater a poluição).
Essa descoberta é particularmente promissora para regiões fortemente afetadas pela poluição plástica, como a África, onde as infraestruturas de reciclagem são insuficientes. As condições locais oferecem perspectivas únicas para adaptar esta solução às necessidades regionais.
No entanto, desafios permanecem. Será necessário determinar se as enzimas das bactérias podem ser produzidas em quantidade industrial e avaliar sua eficácia em outros tipos de plásticos. Os impactos ecológicos e sanitários desse método também precisarão ser estudados.
Ao combinar inovações biológicas e estratégias locais, os insetos podem bem se tornar nossos aliados na redução do lixo plástico, iniciando uma nova era na gestão de poluentes modernos.
O que é o poliestireno?
O poliestireno é um polímero sintético fabricado a partir de estireno, um hidrocarboneto líquido derivado do petróleo. É um dos plásticos mais comuns devido ao seu baixo custo de produção e sua grande versatilidade.
Ele existe em duas formas principais: rígida e expandida. O poliestireno rígido é utilizado para objetos como talheres de plástico ou capas de CDs, enquanto o poliestireno expandido (ou espuma) é usado para embalagens ou isolamento térmico.
Este material é valorizado por sua leveza, resistência mecânica e suas propriedades isolantes. No entanto, é muito difícil de reciclar e leva centenas de anos para se decompor na natureza.
Sua durabilidade representa um grande problema de poluição, especialmente nos oceanos, onde se acumula na forma de microplásticos nocivos para a fauna marinha.
Fonte: techno-science.net
Link da Matéria: https://www.techno-science.net/pt/atualidades/este-verme-come-plastico-as-fotos-impressionantes-N26073.html
Palavras-Chave: Degradação de plástico, Poliestireno, Poluição plástica, Soluções ecológicas, Reciclagem sustentável, Microbioma intestinal, Insetos
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